O deputado federal Cláudio Puty (PT) está na mira da Divisão de Investigações e Operações Especiais (Dioe) por seu envolvimento no esquema de sonegação fiscal contra a Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa), que desde 2005 deixou de arrecadar no mínimo mais de R$ 2 bilhões.
Para Puty ser investigado, o delegado Dilermando Dantas Junior, da Dioe, informou que pedirá autorização da Câmara Federal em razão de o petista usufruir de foro privilegiado, um mecanismo de proteção a quem exerce mandato parlamentar hoje bastante criticado pela sociedade. O pedido se estenderá ao prefeito de Parauapebas, Darci Lermen (PT), outro envolvido, mas com ofício endereçado ao Tribunal de Justiça do Estado (TJE).
Por enquanto, os investigados são o Grupo Leolar, de Marabá, grandes empresas atacadistas e varejistas do Estado. No caso de Puty, ele é acusado em um dossiê, entregue à Polícia e ao Ministério Público, de se utilizar do tráfico de influência e do cargo que ocupava - era chefe da Casa Civil -, durante o governo de Ana Júlia Carepa, para arrecadar recursos para sua campanha política junto a empresários suspeitos de sonegação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Em troca, ele facilitaria o abrandamento da fiscalização sobre os investigados e até mesmo mudaria delegados e auditores da Sefa que estariam criando problemas em áreas comerciais sob controle dos sonegadores. Aliás, uma velha prática adotada por gestores executivos e deputados cujos interesses, às vezes inconfessáveis, são contrariados.
O documento que provocou a investigação afirma que grandes empresas pagavam favores fiscais com doações em dinheiro para Puty e Lermen utilizarem em suas campanhas - o prefeito na eleição de 2008 e o candidato a deputado federal no pleito do ano passado. A participação do Grupo Leolar foi uma das mais intensas nesse trabalho. Um exemplo de tráfico de influência foi a nomeação de Lucivaldo Nogueira como secretário adjunto de Receitas, seguindo roteiro traçado pelo Grupo Leolar, aprovação do prefeito de Parauapebas e o apoio incondicional de Puty.
(Diário do Pará)