Missão da FAO e do Bird visita municípios do nordeste paraense e São Miguel do Guamá está na lista


As representantes da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), Kátia Medeiros, e do Banco Interamericano de Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), Ana Paula Amaya, visitaram os municípios de Igarapé-Açu, Tomé-Açu e São Miguel do Guamá para conhecer os projetos de investimento produtivo (PIPs), financiados pelo Programa Pará Rural, e discutir as salvaguardas ambientais.

Segundo o gerente de Investimento Produtivo do Pará Rural, Paulo Henrique Silva, a vinda da missão da FAO e do Bird tem a finalidade de comprovar, “in loco”, a aplicação das ações discutidas no período de avaliação dos projetos e que agora estão sendo colocadas em prática. Ainda de acordo com Silva, a missão traz a experiência de outros municípios, estados e países. “E com essa visão geral nós vamos poder discutir cada vez mais propostas que venham modificar positivamente a vida dos agricultores”, completou.

Em Igarapé-Açu, nordeste do Estado, as representantes da FAO e Bird e a equipe do Pará Rural visitam as três comunidades que fazem parte do PIP de Horta Orgânica e Galinha Caipira. Na comunidade de base, os agricultores relataram que passaram a apostar na produção de orgânicos depois que conheceram o projeto Tipitamba, comandado pela Embrapa – Amazônia Oriental e que estuda a substituição do uso do fogo no preparo de áreas agrícolas pelo corte, trituração e incorporação da capoeira no solo.

Na Vila União, o agricultor Valdeci Silva afirmou que há seis anos trabalha com orgânicos. “Assim como a gente busca o que é melhor pra gente, também procura fazer o melhor pros outros”, resumiu, em referência à escolha de produtores orgânicos.

Os trabalhadores da comunidade Vila União se queixam que o mercado ainda não está acostumado com o produto orgânico. De acordo com Valdeci, os agricultores vem tentando negociar com a Prefeitura de Maracanã – a área de plantio fica no limite entre esse município e Igarapé-Açu - para incluir a venda dos produtos no Programa de Alimentação Escolar, do Ministério da Educação (MEC).

A representante da FAO, Kátia Medeiros, ponderou que a venda da produção para compor o cardápio da merenda escolar é um bom caminho. Segundo ela, o município de Igarapé-Açu ainda não tem como pagar o preço diferenciado para o orgânico, diferente de um Programa de Alimentação Escolar, que faz parte de uma Política Pública. Para a engenheira florestal do Pará Rural, Francisca Eleni, a comunidade está desbravando o mercado para o orgânico. “Vocês estão sofrendo porque vocês são os pioneiros nessa atividade”, ressaltou.

Extração de óleos – Depois de percorrer 4km pelo Ramal Bragantina, que corta a PA-150, no sentido de Tomé-Açu-Tailândia, a missão da FAO e do Bird chegou ao Projeto de Investimento Produtivo (PIP) de Óleos da Amazônia. O assessor de Relações Públicas da Associação de Produtores e Produtoras Rurais da Agricultura Familiar de Tomé-Açu (Aprafamta), Manoel do Carmo, contou que a idéia de criar a entidade surgiu quando a comunidade quis transformar o trabalho em melhoria de vida. “Nós ainda não chegamos lá, mas as coisas melhoraram para a gente, e vão melhorar ainda mais se focarmos nossos esforços na produção.

O PIP de Tomé-Açu, financiado pelo Pará Rural, prevê a adequação da Unidade que vai prensar óleo, além da construção da Unidade de Processamento de Polpa de Frutas, com laboratório, escritório e câmaras de armazenamento e congelamento.

São Miguel – A última parada da missão da FAO e do Bird foi na comunidade Santa Rita de Barreiras, no município de São Miguel do Guamá, composta por 90% de remascentes de quilombos. O PIP da Associação de Produtores Quilombolas está orçado em R$ 224 mil e estabelece a reforma da Casa de Farinha, recuperação de áreas degradadas, 32 hectares de Sistemas Agroflorestais (SAFs) e microsistema de abastecimento de água.

Na discussão com os membros da missão, os agricultores levantaram a questão da irrigação dos SAFs e dos efluentes na produção de farinha, e foram elogiados pela preocupação com as futuras gerações ao incluírem no projeto produtivo a recuperação de passivos ambientais.

Giovanna Zanni - Ascom/Sepe

 
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