Em quase dois meses de investigações, o Ministério Público vem encaixando as peças do quebra-cabeça e já conseguiu elaborar parte do organograma das fraudes no Legislativo estadual. Um dos esquemas em vigor entre 2005 e 2006, durante a gestão Mário Couto (PSDB), atual senador, envolveu toda a família da então membro da comissão de licitação da Assembleia Legislativa, Daura Hage, que o MP aponta ter se beneficiado, junto a familiares envolvidos no esquema, com de cerca de R$ 8 milhões dos recursos da AL.
Segundo as investigações, a família Hage se locupletou do dinheiro público, através de licitações fraudulentas com cartas marcadas para contratar cinco empresas, cujos titulares eram o então marido de Daura Hage, José Carlos Rodrigues, o cunhado dela, Josimar Pereira Gomes, Williame Tiago Hage Gomes e Willy Tatiane Hage Gomes, filhos de Josimar e sobrinhos de Daura Hage.
As empresas J. C. Rodrigues de Souza, Real Metais Serviços Técnicos Ltda, Tópicos Comércio de Gêneros Alimentícios Ltda, JW Comércio de Material de Construção e Serviços Ltda. e JTW Gomes Comercial e Serviços, usufruíram do dinheiro da AL por intermédio de Daura Hage, que comandou todo o esquema, de acordo com os promotores que investigam o caso, Milton Menezes e Arnaldo Azevedo.
Anteontem à tarde e ontem pela manhã, o MPE fez nova ação de busca e apreensão de documentos e equipamentos para desvendar as fraudes da AL. Desta vez, foram recolhidas provas nas casas de José Carlos Rodrigues, em Mosqueiro, onde ele reside desde que se separou de Daura Hage, e de Josimar Gomes, casado com Sada Hage, irmã de Daura. A casa, localizada no conjunto Médici I, no bairro da Marambaia, deveria ser a sede das empresas Real Metais, cujos proprietários são o ex-marido de Daura, José Carlos, e Josimar Gomes, e JW Comércio e Serviços Ltda, de sociedade de Josimar com a filha Willy Tatiane, sobrinha de Daura. Mas o local é apenas a residência do casal, onde os promotores recolheram cheques, documentos da AL, equipamentos e computadores.
Também consta na documentação das empresas que o local seria sede da empresa JTW Gomes, propriedade de Williame Thiago Hage Gomes, filho de Josimar, sobrinho de Daura.
A empresa Tópicos Comércio de Gêneros Alimentícios seria de propriedade de José Carlos e Josimar Gomes, mas em 2008 alterou o contrato: saiu José Carlos e ingressou como sócio-proprietário Anailson Barbosa, irmão de Adailson Barbosa, considerado amigo pessoal e braço direito de Daura Hage.
Na casa de José Carlos, em Mosqueiro, os promotores encontraram documentos da Croc Tapioca, outra empresa formada para fornecer tapioca à AL, mas que ainda não foram analisados.
Segundo os promotores, todas as cinco empresas pertenciam à família de Daura Hage, o que configuraria impedimento legal, já que como membro da comissão de licitação ela não poderia ter familiares participando de concorrência pública na AL. Leia mais no Diário do Pará.
Fonte: ORM