A R T I G O

Wendell Andrade Reis
MÁRCIA CAVALCANTÍ
SONHOS E FRACASSOS
Confesso, não gosto de sonhar, mas como isso independe da minha vontade, sonho por pura obrigação cerebral e psíquica, portanto, eu sonho a contra gosto. Prefiro estar acordado e no lugar dos sonhos é melhor termos objetivos e metas. Mas eu aceito, aceito que as pessoas tem todo o direito de sonhar, sonhar enquanto dormem e principalmente quando estão acordadas, sonhar para si e para os outros, mas é justamente nesse ponto que as coisas começam a complicar. Vivi por anos em São Miguel do Guamá, lá estão meus amigos de infância, as escolas onde estudei, minhas inesquecíveis professoras, minhas histórias infantis, minhas referências de felicidade. Mas lá também, estão alguns sonhos que foram enterrados, não por mim, até porque não sou afeito a rituais fúnebres.
Quando se é jovem, os sonhos, os objetivos, os desejos, as metas, são fundamentais e podem influenciar decisivamente naquilo que seremos ao nos tornar adultos. Mas quando vou a São Miguel do Guamá fico me perguntado: Com o que esses jovens sonham?
Sou de uma geração de guamaenses que decidiu viver a vida de forma intensa, aproveitando o que nela há de melhor, mas que acima de tudo decidiu vencer, decidiu se superar, decidiu ir além, decidiu por ser construtor da própria história e não meros expectadores dos acontecimentos. É por isso que digo, não gosto de sonhar, gosto de estar de olhos bem abertos, de ver e ouvir, de sentir a vida como ela é, de ter opinião e expressa-la sem medo.
São Miguel do Guamá é hoje um lugar de sonhos pequenos, as pessoas se dão ao trabalho de sonhar com ruas sem buracos, ou seriam buracos com rua dentro? Sinceramente meus amigos, isso é indigno, é tripudiar da dignidade do ser humano, é reduzir as pessoas a uma condição vexatória. Quer dizer então que ao invés dos jovens sonharem e encontrarem os meios para se tornarem médicos, engenheiros, arquitetos ou advogados, eles estão sonhando com ruas sem buracos?. O sonho de Márcia Cavalcante se tornar prefeita conduziu os sonhos de toda uma geração e toda uma cidade ao completo fracasso, agora só falta enforcar a esperança para que o crime seja completo. Digam-me qual é o grande projeto da Prefeitura Municipal de São Miguel para este ano?. Não, não me digam, eu sei qual é: Tapar buracos nas ruas depois que as chuvas derem trégua. Nunca vi nada tão estúpido, tão pequeno, tão medíocre. Primeiro a incompetência administrativa deixa que as ruas fiquem todas esburacadas, depois essa mesma incompetência vem dizer que tapar buracos é um Grande Projeto da Prefeitura?.
Meus amigos, é preciso tapar os buracos das ruas sim, mas antes é preciso tapar os buracos da falta de oportunidades para os jovens, da saúde caótica, de um sistema educacional falido, da agricutura inexistente, das pessoas que vilipendiam a coisa pública, antes, é preciso tapar o buraco da incompetência administrativa. Num lugar onde os sonhos foram mortos, a esperança apenas aguarda a vez de também morrer. Certa vez Henry Ford disse: “O fracasso é a oportunidade de se começar de novo, com inteligência”, o problema é achar essa inteligência no atual grupo que administra São Miguel do Guamá. Há quem diga que não existe fracaso, apenas resultados. Se isso é verdade, posso dizer que os guamaenses vivem hoje em uma cidade que é resultado de decisões mal sucedidas, equivocadas e sem ordenamento lógico.
Mas a vida não pode parar e numa condição tipicamente humana sei que essa fase obscura vai passar, porque os guamaenses não se entregam, não desistem, não se rendem, somos resultado de decisões que nós mesmos tomamos, escrevemos nossa história com suor, lagrimas e sorrisos. Acreditem, nos voltaremos a sorrir.
Abraços deste guamaense incondicional..!
Wendell Andrade Reis
Sociólogo e Mestrando em Marketing Político.

 
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