OUVIR É A MELHOR FORMA DE PREVENIR O ABUSO

Garantir a confiança da criança para que ela não esconda situações constrangedoras pelas quais tenha passado. Essa é a melhor maneira de evitar que indícios possam ser concretizados em crimes de abuso sexual contra crianças e adolescentes. Segundo um levantamento da Vara de Crimes Contra a Criança e Adolescentes de Belém, a capital possui hoje 526 processos criminais relacionados a abusos sexuais praticados contra vulneráveis.

De acordo com a juíza titular da vara especializada, Maria das Graças Fonseca, 62% dos casos de abuso registrados são cometidos por pessoas que não têm parentesco sanguíneo com a vítima. “A prática do crime sexual tanto pode ser cometida por um estranho como por alguém da família. Nesses 62% também estão incluídos os padrastos, que não têm grau de parentesco sanguíneo, mas que fazem parte da família”.

Segundo ela, apesar de a maioria dos crimes serem cometidos por pessoas de fora da família, isso não significa que sejam pessoas desconhecidas. “O abusador é uma pessoa amiga”. Por esse motivo, se torna cada vez mais difícil identificar uma pessoa que pode vir a cometer um crime sexual. “Na maioria das vezes, só depois que a criança fala é que é possível identificar”.

Assim, a participação de outras pessoas também é importante na identificação desse tipo de crime. “Sempre é através de um professor ou de um colega da família que se percebe alguma coisa”, afirma a juíza. De acordo com a delegada da Divisão de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Data), Cristiane Dias, é comum que as denúncias cheguem através de ligações anônimas. “É geralmente algum vizinho que identifica uma atitude suspeita e que faz uma denúncia anônima”.
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