O Pará pode ter em breve a primeira indústria de produção de vagões de ferro das regiões Norte e Nordeste do Brasil. O negócio está sendo articulado pela gigante brasileira no ramo de aço, Oyamota do Brasil S/A, com o grupo chinês Quiquiar, que detém tecnologia de ponta na fabricação de vagões e locomotivas.
Nesta última semana, os empresários estiveram em Belém para aprofundar as negociações. Neste sábado, ficaram de se encontrar em audiência com a governadora Ana Júlia Carepa para apresentar o projeto. A fábrica será instalada em Castanhal.
A meta é de que o primeiro protótipo de trem – feito com nova tecnologia, capaz de aumentar a capacidade de transporte das atuais 30 toneladas para 37,5 toneladas de minério de ferro – seja concluído até fevereiro de 2011.
A réplica do vagão passará por vários testes de qualidade, a ser realizados pela companhia Vale por um período de 90 dias. E depois de aprovada, a Oyamota poderá dar início à produção em larga escala.
Há quase trinta anos atuando no mercado, a Oyamota do Brasil S/A trabalha na linha de fabricação e montagem de estruturas metálicas, equipamentos e usinas para agroindústria, metalúrgica, indústria química e alimentícia, e nos setores de mineração, energia e biodiesel.
De acordo com o diretor-presidente da Oyamota do Brasil S/A, Roberto Kataoka, o valor total do investimento ainda não foi fechado, mas a ideia é que a empresa brasileira fique responsável pela produção dos vagões, feitos a partir de ferro fundido e aço, enquanto que a Quiquiar desenvolverá a tecnologia dos rodeiros, para montagem na fábrica de Castanhal.
‘O layout e os detalhes do projeto serão discutidos agora. Mas o diferencial mesmo seria ampliar a capacidade de transporte que hoje as linhas férreas suportam por eixo’, afirmou Kataoka, lembrando que inicialmente seriam utilizados para construção do vagão aços importados – com o tempo, este insumo pode ser suprido pela Alpa, siderúrgica que está sendo instalada em Marabá. ORM
Os vagões especiais serão destinados aos 892 quilômetros da Ferrovia de Carajás, que interligará desde o município de Parauapebas até a cidade de São Luís, capital do Maranhão.
‘A princípio atenderíamos à Vale, mas o futuro é ainda mais promissor. O mercado está em expansão. Com a conclusão da norte-sul e da leste-oeste, teremos um grande caminho a explorar’, afirmou Kataoka, lembrando ainda que empresas como a Anglo Americana, Alcoa e a Mineradora Rio do Norte também estão nos planos desta nova empreitada.
O secretário estadual de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, Maurílio Monteiro, explica que o governo do Estado aprovou uma lei de incentivos específica para o setor do aço (visando à verticalização de uma vocação do Estado, o setor mineral) e também articulou para incentivas o mercado interno, criando possibilidades para o aumento da produção siderúrgica no Pará.
‘Vamos ter grandes obras nos próximos anos, como a hidrovia do Tocantins, Belo Monte, fábricas de cimento, cinco hidrelétricas na bacia do Tapajós’, cita Maurílio Monteiro. ‘Estas obras precisam usar produtos feitos no Pará, como forma de gerar uma cadeia de fornecedores, gerando e renda de forma permanente. A construção da fábrica de vagões em Castanhal se insere nesse contexto e tem todo o apoio do governo do Estado.’
Chineses
Roberto Kataoka explica que a parceria com a Quiquiar começou em abril, quando, em visita àquele país, o grupo brasileiro assinou o primeiro protocolo de intenções para prospecção de negócios nesta área. Desta vez, foi a vez de os chineses retribuírem a visita. A agenda começou pelo Rio de Janeiro, em uma reunião com a diretoria da Vale. No último dia 4, o grupo seguiu para Vitória (ES) para conhecer o núcleo de engenharia de ferrovias e o centro de manutenção de vagões da mineradora e, na sexta-feira, o destino foi a oficina de vagões da Vale e a linha férrea Carajás, localizada em São Luís (MA).
A comitiva chinesa desembarcou em Belém na sexta à noite e, na tarde deste sábado, se encontraria com a governadora Ana Júlia Carepa. Na pauta de reunião com os empresários, também a concessão de incentivos fiscais.
Fonte: O Liberal/Portal ORM