Está em liberdade o fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão, o "Taradão", condenado a 30 anos de reclusão por participação no crime que vitimou a missionária Dorothy Stang em fevereiro de 2005, no município de Anapu. Ele sentou no banco dos réus no último dia 1º de maio e o júri o condenou. Ele era acusado de ter sido um dos mandantes do assassinato. A liminar que determinou a soltura de "Taradão" foi concedida no começo da tarde de ontem e cumprida por volta das 16 horas. Regivaldo estava desde o dia do julgamento no Centro de Recuperação do Coqueiro (CRC). O despacho foi da desembargadora Maria de Nazaré Silva Gouveia dos Santos.
De acordo com o advogado de "Taradão", Dr. César Ramos, logo após o julgamento foi feito um pedido de reconsideração ao juiz, que tinha decidido pela não possibilidade de recorrer da sentença em liberdade. "Como o pedido foi negado, a defesa entrou com um pedido liminar de habeas corpus na última sexta-feira. A liminar foi então despachada e cumprida hoje. Agora, ele (Reginaldo) aguardará em liberdade até decisão final do tribunal sobre o mérito do habeas corpus", disse, complementando que a expectativa é de que a decisão final ocorra no início de junho.
O advogado acredita que a decisão será favorável ao réu, já que Reginaldo apresenta condições favoráveis, como residência fixa, o fato de ser primário e ter bons antecedentes. "Temos esperança de conseguir o apelo em liberdade, até exaurir todos os recursos cabíveis", frisou.
Após o julgamento, a defesa entrou com a apelação com o objetivo de anular o júri por entender que a decisão do Conselho de Sentença teria ido de encontro às provas apresentadas nos autos. No último dia 5 foi pedida a revisão da sentença que lhe negou o direito de recorrer em liberdade. O pedido foi negado pelo juiz Raimundo Alves Flexa. Ele então aguardaria a decisão da apelação ainda na prisão. Com o despacho de ontem, Regivaldo agora aguardará em liberdade.
O caso - Dorothy Stang foi morta com seis tiros, um na cabeça e cinco pelo resto do corpo, aos 73 anos de idade, em uma estrada de terra a 53 quilômetros da sede do município de Anapu, no sudoeste paraense.
Ela brigava pela implantação dos Projetos de Desenvolvimento Sustentável (PDS) que permitiriam a sobrevivência dos pequenos agricultores e a preservação da floresta. Regivaldo Galvão foi o último dos cinco acusados de envolvimento no caso a ser julgado. Além dele, o fazendeiro Vitalmiro Moura, o "Bida", apontado como o outro mandante do assassinato de Dorothy Stang, após três julgamentos, foi condenado a 30 anos de prisão; Rayfran Sales, o "Fogoió", autor dos disparos, que cumpre pena de 27 anos de reclusão. E ainda Amair Feijoli da Cunha, intermediário, e Clodoaldo Batista, que acompanhou Rayfran no crime, que cumprem pena de 18 e 17 anos de reclusão, respectivamente. ORM