SANTO ANTÔNIO DO TAUÁ

ALUNOS DEPEDRAM SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

Revoltados com a demissão sumária de duas professoras temporárias por ordem direta do prefeito de Santo Antonio do Tauá, Raimundo Noronha (PMDB), aproximadamente 600 alunos do turno da manhã da Escola Municipal de Ensino Fundamental Major Cornélio Peixoto decidiram protestar, por volta das 10h de ontem, e acabaram depredando a parte frontal do prédio da Secretaria de Educação do município, localizado no nordeste paraense.

Segundo uma funcionaria da escola, que pediu para não ter seu nome divulgado para evitar retaliações por parte do gestor municipal, as professoras Amanda, de Educação Física, e Ana Lu, de Inglês, foram afastadas porque teriam reclamado ao prefeito do atraso de mais de três meses do pagamento de seus salários.

A notícia da demissão surpreendeu os alunos da 5ª a 8ª séries, porque, além de as duas professoras serem bastante estimadas por eles, estavam conseguindo ministrar suas respectivas disciplinas de forma satisfatória. Amanda já lecionava na escola há mais de cinco anos, e Ana Lu, há dois. Foi quando os alunos decidiram que sairiam da escola para cobrar explicações, na Secretaria de Educação, da titular Zulmira Bentes.

Foram recebidos pela secretária, mas ficaram sabendo, por uma assessora da secretaria, que a ordem para demissão das duas professoras havia sido dada pelo prefeito Raimundo Noronha. Foi quando alguns alunos decidiram apedrejar o prédio. Mas, logo depois, os exaltados foram contidos pelos colegas mais calmos. Todos foram deixaram o local exigindo que as duas professoras sejam reintegradas aos seus cargos. "Caso contrário, vamos para as atividades dentro da escola (Cornelio Peixoto)", disse, por telefone, um dos alunos revoltosos. Procurado pela reportagem, o prefeito Raimundo Noronha não foi encontrado, assim como a secretária Zulmira Bentes.

Vários profissionais das escolas municipais de Santo Antonio do Tauá disseram que o município atravessa uma das suas piores fases na área educacional, principalmente na zona rural. E que o maior exemplo foi registrado na reportagem feita pela equipe de reportagem da TV Liberal de Castanhal, que foi ao ar no dia 7 de abril. Na escola Rosa Cardoso Modesto, localizada na Vila Patauateua, a maioria dos alunos assiste às aulas deitada no chão, porque não existiam carteiras escolares para todos. Eles são chamados de alunos-jacaré.

O prédio da escola está caindo aos pedaços - muitas telhas estão quebradas, infiltrações tomam conta das paredes, os banheiros estavam interditados e o mato invade a área externa. Em cada sala de aula metade dos alunos estuda no chão. Somente depois que a reportagem repercutiu nacionalmente é que a Secretaria de Educação de Santo colocou carteiras na escola do Patauateua. Mas ela ainda precisa ser reformada. (ORM)

 
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