MÉDICO NO INTERIOR GANHA MAIS DO QUE PREFEITO


A prefeitura de Jacareacanga, município com pouco mais de 37 mil habitantes no extremo oeste do Pará, oferece R$ 17 mil de salário para contratar um médico cirurgião - cinco vezes mais do que ganha hoje a secretária municipal de saúde, autora do anúncio tentador divulgado há pelo menos um mês no Conselho Regional de Medicina (CRM-PA) e no Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa), e quase duas vezes o que ganha o prefeito. A prefeitura também garante ao candidato casa e transporte sem descontos. Há vagas, também, para dois clínicos gerais e um pediatra. Cada vaga por um salário de R$ 15 mil por mês.
Jacareacanga, a 400 km de Itaituba pela rodovia Transamazônica, não é o único município do interior do Pará a ter dificuldade para contratar médicos - nem o único a oferecer salários vultosos para tentar atrair estes profissionais. Segundo o Sindmepa, mais de 70% dos médicos paraenses estão concentrados em Belém e, apesar dos altos salários oferecidos no interior, resistem em deixar a capital.
O resultado da má distribuição pode ser visto nos quadros de empregos do CRM-PA: Juruti, no Baixo Amazonas, oferece R$ 13 mil de salário; Garrafão do Norte, no nordeste do Pará, paga R$ 8 mil; e Rurópolis, também na região de Itaituba, oferece R$ 13 mil para um clínico geral e R$ 20 mil para um cirurgião.
João Gouveia, diretor administrativo do Sindmepa, encara com ressalvas as ofertas tentadoras de emprego no interior. 'O salário é importante, mas não é tudo. Nós ouvimos muitas reclamações de médicos que aceitaram trabalhar em municípios pequenos do interior, principalmente sobre a falta de estrutura, equipamentos, materiais de trabalho, medicamentos', diz o médico. A sobrecarga de trabalho e a dificuldade de deslocamento regular para a capital para a participação de cursos de atualização, segundo o diretor do Sindmepa, também são apontados como desafios para quem escolhe o interior para exercer a medicina.
(Amazônia)

 
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