Policiais foram à praça da República conter carros-som com propaganda eleitoral
Locais com grande concentração e circulação de pessoas são os preferidos por políticos para fazer campanhas. Por isso, as praças se tornaram alvos de carros-som, cartazes, bandeiras e caminhadas de candidatos. Tanto barulho traz estresse para lugares destinados ao lazer. Para coibir o abuso do som alto, a Delegacia do Meio Ambiente (Dema) visitou, ontem de manhã, a praça da República, após muitas denúncias. Em poucos minutos a equipe técnica, equipada com um decibelímetro (aparelho para medir a poluição sonora), encontrou diversos carros-som. Alguns com o volume acima da média permitida: de 55 decibéis. Os condutores foram orientados a reduzir o som.
A equipe da Dema, composta pelo perito Freire, o investigador Eduardo e o delegado Fabiano Amazonas, chegou à praça às 9h30. Os policiais percorreram o local a pé e na viatura, atentos a qualquer foco de poluição sonora. Os testes com o decibelímetro apontaram que carros-som, mesmo com o volume aparentemente suportável, estavam acima da média permitida, chegando aos 67 decibéis. A média de 55 decibéis dos carros-som, somada ao barulho ambiente de uma praça (média de 20 decibéis) e do trânsito (30 decibéis), facilmente ultrapassou o limite de ruído suportável pelo ser humano (80 dB). Tanto barulho causa estresse, irritação, dor de cabeça e pode causar danos aos ouvidos. No caso dos trios elétricos, a potência sonora é muito maior e por isso carreatas viraram as principais inimigas do sossego.
O delegado Fabiano Amazonas diz que nas campanhas eleitorais os políticos querem chamar a atenção com o barulho. Mesmo de forma negativa, as pessoas costumam voltar os olhares para fontes de ruído altos, possibilitando que nomes, fotos e números sejam visualizados. Uma praça tem um cenário mais preocupante porque muitos candidatos querem espaço e cada comitiva de campanha quer colocar o som mais alto que o do adversário. 'Ninguém percebe que ao invés de chamar atenção, esse barulho pode é causar repulsa. O pior é que em todas as eleições temos o mesmo problema. O índice de denúncias e reclamações aumenta bastante. Por isso nessa época atuamos de forma constante. E onde a população disser que há problemas vamos estar lá', garante. O telefone da Delegacia do Meio Ambiente (Dema) é (91) 3238-1225 ou (91) 9987-9712 (Disk Silêncio).Amazônia
Ruídos incomodam quem quer relaxar
Os policiais deixaram o local por volta das 11h15. Às 11h30, uma carreata com o volume muito alto incomodou a todos com um trio elétrico e vários veículos com caixas de som externas, além de buzinaço. O trânsito também ficou complicado ao longo da avenida Presidente Vargas e transversais. O som era capaz de fazer vibrar o corpo mesmo a alguma distância. Muitas pessoas, principalmente crianças e idosos, eram visto tapando os ouvidos ou fazendo expressões faciais de incômodo ou reprovação. Até falar com uma pessoa próxima ficou difícil por pelo menos 15 minutos, tempo que levou para que os veículos se afastassem.
O telefone da Delegacia do Meio Ambiente (Dema) é (91) 3238-1225 ou (91) 9987-9712 (Disk Silêncio).
Ruídos incomodam quem quer relaxar
A recepcionista Mariele Silva, de 30 anos, foi uma das pessoas que se irritou com o barulho de ontem na praça da República. Ela aproveitou a folga do fim de semana para passear com o marido e dois filhos (uma menina de 8 anos e um bebê de 5 meses). A poluição sonora impediu o programa familiar de ser perfeito e tranquilo. Às 9h, os carros-som começaram a circular a área com as repetitivas músicas de campanha em volume elevado. 'O barulho das pessoas não incomoda, mas os carros-som irritam demais. Antes das campanhas estava ótimo para vir e relaxar. É a primeira vez que venho durante o período eleitoral e confesso estar muito estressante. No próximo final de semana já vou pensar em outro lugar ou ficar em casa', diz.
O vigilante Carlos Augusto Amorim, de 34 anos, levou a filha de 6 anos e a esposa para passear na praça e disse ter sentido a agonia do barulho por volta de 9h30. Para fugir do som, tentou ficar numa área central. Na opinião dele, todo período de campanhas é estressante. 'Não basta termos de aturar políticos no horário eleitoral e agora temos de ouvir esse som alto e irritante. Não bastasse o barulho de tantas pessoas. Pior é que nem tem como fugir, pois para onde formos tem algum político fazendo barulho. Perto de minha casa sempre tem carros-som passando. Até gostaria de evitar o barulho, mas se for pensar nisso nessa época, não saio mais de casa', afirma.