ADULTÉRIO: CORNOS E CONTIDOS (Rsrsrsrs)

Certa vez, um amigo me perguntou sobre o que eu achava do adultério, respondi pra ele dizendo que eu não depositava muita importância nessa questão. Penso que devemos refletir mais um pouco sobre esse tema polêmico.
A palavra adultério vem de uma frase em latim: ad alterum torum. Qual o significado? Não poderia ser outro mais libidinoso: "Na cama de outro".
Como diria o Tico Futrika: - É só libido, mano!
Para o bom entendedor é isso mesmo, a frase se refere à prática da infidelidade conjugal, quedeusnosproteja!
Na Idade Média o negócio pegava...
Sem sombra de dúvida, o caldo cultural machista sempre acentuou a gravidade da infidelidade conjugal quando praticada pela mulher casada.
No medievo quando ocorria o nudus cum nuda im oedem lectum, era considerado muito grave, traduzindo para o bloguês a frase em latim: "Nu com nua na cama".
E aí?
Prepara a mala, a sacolinha e fui... A vida corria risco, provavelmente a mulher casada já era!
Agora, quando se tratava do solus cum sola im solitudine. A gravidade menor da situação possibilitava um suspiro de vida, o significado da frase: "Ele só com ela". Colocava a dúvida, nunca a certeza. Vida salva? Talvez...
O primeiro Código Penal Republicano (1890) buscando garantir o pátrio poder, a propriedade privada, evitando a existência de herdeiros (filhos) bastardos, considerou o adultério um crime (art. 279).
O adultério continuou criminalizado no Código Penal de 1940 (art. 240), o ranço da sociedade patriarcal ainda se fazia sentir... O homem era a cabeça da família. Entendeu?
Como crime o adultério tinha que ser coibido pelo Estado. Quando o Pater Famílias era traído pela “rainha do lar”, se dizia zombeteiramente que ele havia levado “cornos”, isto é, “chifres”... Quando la mierda estava feita, os samangos chegavam com o chefe de polícia e diziam: - Chefe tem um senhor aí exaltado, parece que é caso de “cornos”.
O chefe respondia: - Manda esse “corno” entrar.
O símbolo da discórdia no lar se substantivou na figura impoluta do pai da família, doravante, todo marido traído por seu cônjuge passou a ser alcunhado na linguagem coloquial de CORNO.
O Estado tinha que mobilizar recursos para conter a fúria dos atraiçoados que buscavam a vindita, investigação para prender o “Ricardão”... A vida era mais simples, menos complexa, daí as pessoas se preocuparem com os “chifres” alheios...
Com o passar do tempo, veio o desenvolvimento industrial, a modernização da sociedade brasileira, liberalização dos comportamentos, o “chifre” passou a fazer parte do anedotário nacional, e o Estado deixou de correr atrás do “Ricardão”.
A sociedade atual passou a considerar o adultério um problema não mais de esfera pública, mas, da esfera privada.
Os sociólogos sustentam que neste caso ocorre uma ineficácia social da legislação, isto é, existe a previsão legal do ilícito, mas a sociedade não considera como crime a conduta...
Chifre” é esfera privada, o relacionamento não deu certo, fazer o quê?
Primeira opção a boa conversa, franca e honesta. Não deu certo? Procure um bom psicanalista e faça uma terapia de casal. Não deu certo? Pega o telefone e liga para o programa da Tv Record “Fala que eu te escuto” e com certeza o pastor de plantão tem a solução mágica para o relacionamento conjugal.
Depois de tudo isso, se o “chifre” continuar?
Pô! Separa.
Para encerrar, o adultério como crime foi revogado pela Lei 11.106 de 2005.
O engraçado de toda a história do adultério é que continuamos empapuçados de machismo, em tempos de blogosfera, ainda se considera que a mulher quando trai é a pior das pessoas...
Amigo nosso blogueiro [não revelarei o nome mesmo sob ameaça de faca amolada], casado na época, metido a D. Juan flertava com um mundo de mulheres, sempre sorridente, sedutor e etc., sempre me preocupo com os galanteadores ousados e casados... Quando vem a separação, perdem muito, às vezes até o respeito dos filhos, além é claro da pensão, empobrecem um pouco.
Mas, voltemos ao amigo Dom Juan, sedutor, sorridente... A mulher dele sacando as estripulias do sedutor, se vingou enroscando um par de “chifres” no galã.
Qual foi a reação do bonitão quando descobriu a traição?
Enlouqueceu, foi bater na casa do “Ricardão” e chorando contou a história dele para a esposa do Ricardo... E quando encontrou o “pé-de-pano” na rua, virou a barbárie, se enrolou no chão com o “sombra” e o pior de tudo, o Ricardão entupiu ele de “porrada”. Com vergonha da palhaçada que fizera, se fechou no quarto por um mês, a barba cresceu, começou a fumar e sumiu por um ano...
Depois retornou ao convívio dos amigos, mais maduro, um pouco mais contido.
Para a reflexão de todos.
Ao se deparar com alguns fariseus e escribas repletos de ódio que acusavam uma mulher de ser adúltera e exigiam que ela fosse apedrejada, conforme a lei de Moisés, Jesus toma uma pedra do chão e a levanta para a multidão furiosa, dizendo: “O que está puro entre vós atire a primeira pedra” (João 8:7).
BlogPedroNelito
Profº Antropólogia (Fcat)

 
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