O grupo Big Ben vendeu por R$ 453,644 milhões sua rede de mais de 150 lojas em sete Estados para o Banco Pactual e agora vai integrar o Fundo de Ações Brazil Pharma, que já agrega uma série de redes de farmácias em todo o País. A notícia da venda foi confirmada no começo da noite de ontem por um dos sócios-proprietários da empresa paraense, Roger Aguilera. "Seremos agora acionistas do grupo", declarou ele, por telefone.
Ontem, o grupo Brazil Pharma também divulgou que a operação será paga com R$ 275,044 milhões em dinheiro, sendo R$ 100,9 milhões à vista e R$ 174,135 milhões em três parcelas anuais, iguais e consecutivas de R$ 58,045 milhões. O restante de R$ 178,600 milhões serão pagos em ações ordinárias da Brazil Pharma, a serem emitidas pelo preço de R$ 15 por ação. As ações não poderão ser negociadas por seus detentores pelo prazo de três anos, contando a partir da data do fechamento da operação, exceto no caso de Oferta Pública de Aquisição (OPA) de ações de emissão da Brazil Pharma.
Aguilera tranquilizou o mercado e disse que, nos próximos três anos, o grupo Big Ben continua com a mesma gestão, hoje espraiada principalmente no Pará com 146 lojas e outras instaladas no Amapá, Maranhão, Piauí, da Paraíba e de Pernambuco. A Big Ben hoje é líder do setor na região Norte do país, com um faturamento de aproximadamente R$ 800 milhões nos últimos doze meses, findos em 30 de junho de 2011.
Roger Aguilera garante que não haverá mudanças bruscas na administração do grupo, como por exemplo alterações no quadro funcional. Hoje a Big Ben tem cerca de 4 mil colaboradores e o sócio-proprietário assegura que não haverá demissões. "Não vai mudar praticamente nada. Continuamos à frente do grupo nos próximos anos. Temos agora mais responsabilidade em trabalhar mais para valorizar as ações da empresa no mercado financeiro", assinala Aguilera.
Com a negociação, a Big Ben passa a ser a terceira maior rede de farmácias em número de lojas e a quarta em termos de faturamento do Brasil, segundo Roger Aguilera. Ele diz ainda que as fusões no setor são uma tendência e destaca algumas já ocorridas, como a da Drogaria Pacheco e a Drogaria São Paulo, em agosto, criando assim a maior rede de farmácias do Brasil, com quase 700 lojas em cinco estados e faturamento de R$ 4,4 bilhões. Há ainda outros exemplos como a e Droga Farma e Vilfarma, grandes redes também fundidas em negociações recentes.
O comprador da BIG Ben, o BTG Pactual, é um gigante no mercado financeiro brasileiro e já agregou redes de farmácia como Rosário, Mais Econômica, Farmais e Guararapes. É atualmente o principal banco de Investimentos do país e atua há 30 anos com escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre, Londres, Nova York e Hong Kong. Atualmente, tem um patrimônio líquido estimado em mais de R$ 7,8 bilhões, além de de R$ 113,2 bilhões em recursos de Asset Management e R$ 38, 9 bilhões em recursos de Wealth Management.Sindilojas aposta em ampliação de produtos
Joy Colares, vice-presidente do Sindicato dos Logistas do Comércio de Belém (Sindilojas), que conta com cerca de três mil associados diretos e 12 mil indiretos, diz acreditar que a venda da Big Ben não deverá acarretar problema em relação aos negócios no comércio da cidade, mas ampliar o mix de produtos no mercado local. "O Banco Pactual tem histórico de investimentos no Brasil e pode até beneficiar o mercado com a injeçãode mais recursos, além de beneficiar a população com a oferta de novos produtos e abertura de novas filiais".
Sindicato de trabalhadores não participou de negociação
Trabalhadores da rede Big Ben e o sindicato da categoria ficaram surpresos com o anúncio da venda da empresa para a Brazil Pharma, que administra "holding" de redes farmacêuticas do Banco Pactual. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio Varejista e Atacadista de Produtos Farmacêuticos do Pará (FPCVasep), a entidade não participou de nenhuma negociação quanto à situação dos trabalhadores, como a probabilidade de demissões. Mesmo ainda desinformado, o sindicato não acredita em uma provável demissão em massa ou fechamento de unidades.
Segundo o presidente do sindicato da categoria, Magno Pombo, o anúncio da venda da Big Ben não era esperado pela entidade. "Fomos pegos de surpresa com essa notícia de que a Big Ben havia sido vendida. No momento, ainda não dispomos de informações oficiais", diz.