A R T I G O

SEXO NA ESCOLA: CULPA DE QUEM?
Quando decidi escrever sobre esse assunto resolvi principalmente porque SEXO AINDA É um enorme TABU! É isso mesmo um grande tabu. Vivemos numa sociedade em que os assuntos relacionados ao sexo são mais discutidos e/ou esclarecidos em rodas de amigos, nas conversas de bar, nos locais de trabalho, num diálogo informal. Mas quase todas essas conversas são frutos de conhecimentos que resultam da prática sexual de cada um. Desta feita, sexo é algo que aprendemos mais fora de casa, que de dentro dela. Nessas condições, a mim não causa surpresa, quando se estampam nos jornais, notícias de que casais de alunos que foram pegos fazendo sexo no interior das escolas. Não devemos buscar apenas um culpado por isso. Nem mesmos os que foram pegos podem ser totalmente os responsabilizados pelos seus atos. Geralmente os autores são menores de idades que se encontram numa fase de suas vidas em que o ato sexual é algo novo, mas que desperta imensa curiosidade. Contudo a falta de informação e orientação adequadas leva os mesmos, a praticarem sexo de forma inusitada e em qualquer lugar. Pois o corpo quando pede se o indivíduo não estiver devidamente orientado e preparado o faz em qualquer lugar, até mesmo no interior das escolas. Alguns, mesmos adultos, o fazem nos muros públicos, nos postes, nos cantos escuros, se formos elencar o que não faltam são exemplos. Numa sociedade em que sexo ainda é tabu o que mais me surpreende é a velocidade da punição de quem pratica sexo em publico. Nos casos dos alunos, as direções de escolas, em vez de orientações aplicam suspensões e/ou mesmos expulsões do corpo discente de determinada unidade de ensino. Geralmente pressionados pelos pais dos alunos que se sentem horrorizados pela manifesta sexualidade dos alunos. Desta forma, peca a escola por não constar nos seus currículos aulas voltadas para sexualidade. A sexualidade é tema transversal nos currículos escolares, mas a falta de preparo dos professores, somados a timidez, vergonha e censura dos pais, afasta a possibilidade desta ser trabalhada com mais freqüência na escola. A religião é outro fator que contribui para fortalecer esse tabu, pois reporto-me a época em que participava de movimentos jovens nas igrejas. De uma coisa tenho certeza, isso não era tema de discussão nos encontros realizados por esses movimentos e, tudo indica que pouca coisa mudou sobre o assunto. A curiosidade do jovem sobre sexo é outro fator que estimula cada vez mais essas ações pelos alunos. Pois curiosidade somada à falta de informação vinculada ao enorme muro de tabu sexual apenas leva nossos alunos a cometer atos sexuais totalmente desfocados dos ritos sexuais que o nosso modelo social adota.... Acrescento, ainda que hoje padecemos da síndrome midiática, ou seja, sente-se bem quem estar na televisão, no Orkut, nas memórias dos celulares ou outros meios eletrônicos, causando certo frenesi que leva os outros ao espanto ou ao delírio provocado pela ousadia sexual. Por vivermos numa sociedade em que sexo ainda é tabu retêm cada vez mais a libido sexual do individuo a um campo de reclusão ou detenção sexual que ora ou outra, explore e os escândalos florescem e chocam a opinião pública. Desta síndrome midiática o anônimo se revela e transporta-se para o campo do exibicionismo e o resultado manifesta-se nas diversas cenas de sexos que são veiculadas nos meios eletrônicos. Portanto, não devemos culpar somente quem pratica esses atos. Pois na maioria das vezes, são menores sem a devida orientação. Nesse aspecto os únicos responsáveis são aos pais, as escolas, e as demais instituições que não adotam mecanismos para eliminar os diversos tabus sexuais que cerceiam a sexualidade humana.
Outro ponto considerável é que ser humano quando nasce não vem acompanhado de certo “manual” que oriente como deve proceder na vida, inclusive sobre sexo. Sexo se aprende fazendo, mas devidamente orientado para que os exageros sejam extraídos, assim como qualquer outra coisa importante na vida. Cercear a sexualidade humana não apenas cria escândalos, mas também sujeitos dementes nas suas intimidades, diante de uma sociedade que não se preocupa, realmente, com a sexualidade dos jovens e a sua formação sobre a mesma. Os pais, alerto, devem possibilitar diálogos para que as dúvidas sexuais dos jovens sejam esclarecidas. As escolas, inserir cada vez mais nos conteúdos escolares, temas voltados ao sexo e sexualidade e não apenas mencioná-los superficialmente nas aulas de biologia, quando abordam a reprodução humana, que em nada acrescentam a educação sexual dos alunos. As instituições como as igrejas e os centros evangélicos, assim como as demais instituições, devem-se se despojar das redomas que impedem que assuntos relacionados ao sexo para que seja também discutidos no interior das mesmas. Portanto, em matéria de sexo o indivíduo quando erra sobre sexo sem orientação a culpa não é só dele, mas de todos. Agora quando devidamente orientado comete atos abusivos, isso é descuido e é imperdoável. Contudo enquanto os tabus sexuais não forem quebrados a culpa não deve ser atribuída apenas a quem pratica, mas a todos os integrantes da sociedade, uma vez que a mesma é a principal responsável pela manutenção deste quadro.
ANTONIO SOARES DA SILVA, licenciado pleno em pedagogia pela UFPA e pós-graduado em gestão escolar pela UEPA. Acadêmico do 4º semestre de Direito da FCAT.

 
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