O Jeitinho brasileiro de ser e a sua influência no dia-a-dia das organizaçõesO jeitinho brasileiro está presente no cotidiano das pessoas como uma forma de obter um rápido favor para si, às escondidas, e sem chamar a atenção; por isso, o jeitinho pode ser também definido como "molejo", "jogo de cintura", habilidade de se "dar bem" em uma situação "apertada”, onde a versatilidade é o ponto ideal para encontrar os resultados desejados em curto prazo, principalmente porque quando se fala em jeitinho, a primeira coisa que vem à mente é algo como: suborno, esperteza, ambição. Mas, nem todo jeitinho é negativo, podendo ser também visto de uma perspectiva positiva. Por outro lado, o jeitinho coloca o sujeito que o pratica em situação de troca, por se sentir obrigado a retribuir o favor recebido, para que não seja chamado de “ingrato” ou ser reconhecido como aquele sujeito que “cuspiu no prato que comeu”. Se, por um lado, a prática do jeitinho, encontra-se inserida no cotidiano das pessoas, o mesmo se dá nas organizações burocráticas, o que não é nenhuma surpresa, principalmente pelo formalidade existente nessas organizações, que por ser extremamente racional e impessoal, leva o individuo a lançar mão do “jeito”, permitindo a suspensão temporária da lei e das regras estabelecidas para atingir os seus objetivos. Para se pedir um jeitinho, são utlizados vocábulos “carinhosos”, pois agindo de maneira contrária é provável que não consiga sucesso. Mas, essa não é a única maneira de definir o jeitinho brasileiro, pois nem todo jeitinho é negativo, já que, o mesmo pode ser visto tanto de uma perspectiva negativa ou positiva. O lado negativo do jeitinho está presente naquela situação em que o sujeito tenta conseguir a solução de algum problema através da transgressão de uma norma, ou simplesmente transgredindo os princípios morais para defender seus interesses. O que caracteriza a passagem do negativo para o positivo é tipo de relação existente entre as pessoas envolvidas. Essas relações existentes entre jeito e favor podem ser consideradas normais já que pedir um favor não transgride regras preestabelecidas, enquanto que o "jeito" transmite a idéia de infração, o que conseqüentemente, é preciso dar um jeito para não haver punição. Assim, justificamos os nossos atos: se pudermos pagar menos impostos a um governo que não devolve aos seus contribuintes os benefícios a que faz jus, por quê fazê-los? O jeitinho brasileiro está inserido em outros universos, tais como: familiar, sexual, emocional, financeiro; em outras esferas o jeitinho torna-se difícil por ir de encontro a situações que podemos chamá-las de força maior, e aí, incluiríamos as doenças, os acidentes e a morte. Alguns fatores são considerados quando se desejar praticar o jeitinho: o status, a maneira de vestir e o dinheiro; esses fatores não são decisivos, principalmente porque podem ser vistos de forma autoritária e de poder . Citando Roberto da Mata podemos comparar o jeitinho com a malandragem para identificar a relação existente entre um e outro. Daí pode constatar que tanto o personagem malandro como o ritual do jeitinho possui características semelhantes ; o malandro é conhecido pela engenhosidade, sutileza, destreza, carisma, lábia que permitem manipulação de pessoas ou resultados, de forma a obter o melhor destes, e da maneira mais fácil, o que também acontece com quem pratica o jeitinho. Em suma , o “jeitinho” é um modo simpático, desesperado ou humano de relacionar o impessoal com o pessoal estando enraizado na cultura brasileira . Não tem jeito, é cultural.
ANA MARIA DE ALMEIDA MOURA Sou Formada em Administração pela Faculdade 2 de Julho, em Salvador. Estou iniciando pós-graduação em Psicologia Organizacional. Atualmente trabalho no SEBRAE/BA, na Unidade de Logística e Suport