Uma habilidade a serviço do crime. Essa é a história do desenhista Rubem Batista Silva Reis, de 50 anos. Ele e Celso Rodrigues Santana, 37 anos, foram presos no final da manhã de ontem por comercializarem cópias do exame “psicotécnico” do Detran, após uma ação bem sucedida dos policiamentos “Velado” e “Ordinário”, da 6ª ZPol, do 2º Batalhão da Polícia Militar.Depois de algumas horas de observação pela avenida Antônio Barreto, próximo ao posto avançado do Detran, no bairro do Reduto, em Belém, policiais disfarçados os identificaram, para que, posteriormente, uma equipe comandada pelo capitão Vicente Neto efetuasse a prisão em flagrante. “Eles ainda tentaram resistir à abordagem. O Ruben quis rasgar os papéis, mas de nada adiantou”, comentou o capitão.Rubem já foi funcionário do Detran entre 1980 e 2005, sendo afastado e reintegrado por duas vezes. O seu último afastamento, em 28 de abril de 2005, foi sob a justificativa de “bem ao serviço público”, o equivalente à demissão por justa causa, em empresas privadas.Segundo a delegada Virgínia Gerimwood Pinto, diretora da Seccional do Comércio, Rubem – com a ajuda de seus comparsas – valia-se do fato de ser ex-funcionário e desenhista para reproduzir cópias grosseiras dos exames realizados pelo Detran, principalmente com relação aos desenhos. Além disso, ele abordava as pessoas que aguardavam na fila para lhes oferecer informações sobre o exame.Em conversa com a equipe do DIÁRIO DO PARÁ, Rubem não se acanhou em alegar que é vítima de perseguição política. “Isso é armação do Carlos Valente, marido da psicóloga Patrícia, da clínica do Detran. Ele é quem está por trás disso tudo, porque ele não gosta de mim”, afirmou Rubem.Rubem também não titubeou ao dizer que executava esse tipo de serviço há 5 anos e não cobrava nada pelas informações que repassava. “Eu apenas atendia às pessoas que me pediam favores. Se eu cobrasse, eu estava rico”, argumentou. Por outro lado, a delegada Virgínia Gerimwood Pinto informou que ele cobrava entre R$ 10,00 e R$ 50,00 pela troca de informações. Por fim, Rubem e Celso afirmaram que prestavam serviços a uma autoescola. Rubem como panfleteiro e Celso como intermediador de matrículas.Os dois foram autuados no artigo 171 do Código Penal Brasileiro, por estelionato (induzir pessoas ao erro), que prevê pena de 1 a 5 anos de reclusão. (Diário do Pará)