TEXTO SOBRE JORGE AMADO

Histórias do Sem Fim
Jorge Leal Amado de Faria foi um típico brasileiro apaixonado por sua nação. Inovador e mais conhecido por Jorge Amado, este escritor tupiniquim elevou nossa literatura a um grau jamais visto. Juntamente com outros escritores nacionais, sua obra foi amplamente difundida e traduzida para inúmeras nacionalidades. Um grande amante de uma literatura verdadeira e altamente nua de vaidades, Jorge Amado foi um dos precursores da Segunda Geração do Modernismo Brasileiro (chamado por muitos de Modernismo Regionalista) ao lado de Graciliano Ramos e Rachel de Queirós, estes últimos escritores respectivamente dos clássicos “Vidas Secas” e “O Quinze”. Em sua literatura podemos encontrar diferentes tipos sociais que evidenciam de uma forma um tanto heterogênea as camadas sociais da Bahia, o maior palco da sua obra. Essa diversificação fica evidente nas análises de obras que vão de Capitães da Areia – que este ano ganhará uma versão cinematográfica – à Tocaia Grande, passando por Gabriela, Cravo e Canela até chegar em Tieta do Agreste. Em Tocaia Grande (1984), o escritor baiano nos mostra a ascenção da fazenda Tocaia Grande (que possui este nome devido a tempos atrás ter sido o local de uma grande emboscada) comandada pelo fazendeiro Boaventura Andrade Filho e seu fiel escudeiro, o capitão Natário da Fonseca, um “cabra-da-peste” que não leva desaforo para casa e é muito respeitado por todos na região. A partir de então, a narrativa se desenrola pelas inúmeras personagens que vão compor o texto como os “causos” do turco Fadul Abdala que vive no vilarejo perto de Tocaia Grande. Assim, também se apresentam ao leitor personas muito variadas como o conquistador de mulheres Castor Abduim, as prostitutas Jacinta, Bernarda, Aurélia entre outras que serão a partir de então o norte da narrativa. Segundo os elementos narrativos da obra, percebe-se que os personagens são seres que agem através de um instinto aflorado, ou seja, são seres que atuam sob impulsos quase que incontroláveis. Como um romance regionalista, Tocaia Grande (a fazenda) se apresenta como um local onde não existem leis ou regras, ou melhor, a única regra é ser você mesmo e agir conforme os seus desejos, que aliás, são bem delineados na obra. Assim, temos uma forte interação entre as atitudes das personagens com o ambiente, como se elas fossem moldadas pelo espaço seco e quase que sem vida do local. Enfim, temos nesta obra as grandes marcas da obra de Jorge Amado, um escritor que não media esforços para escancarar uma realidade nova a nossa literatura.
GERALDO BRANDÃO
Formado em Letras pela Uepa e
Profº em Paragominas

 
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