O mundo não vai acabar hoje. O que seria o "fim do mundo", baseado numa profecia Maia, nada mais é do que o final de uma era; de um ciclo de 5.125 anos que fazia parte dos calendários desse povo. Historiadores e profissionais ligados ao ramo da astrologia e religião garantem que toda a ideia de um fim apocalíptico do planeta Terra ou até do universo só existe, de fato, na cultura judaico-cristã. Os Maias, que não foram extintos, pois existem milhões de descendentes espalhados pelas Américas, incluindo o Brasil, não acreditavam em fim do mundo, mas sim em mudanças e no constante recomeço. Apesar de várias teorias e pesquisas provando que não há razão para desespero, com informações do próprio povo Maia, em várias partes do mundo existem preparativos sérios para uma possível catástrofe, com abrigos e suprimentos, na Alemanha, Estados Unidos, Espanha e México, por exemplo. Nas ruas e pelas redes sociais sobram piadas e propagandas que se aproveitam deste "grande evento", que todos os anos vai acontecer desde a virada do ano 999 para 1000.
O
mundo só vai acabar neste dia 21 para quem morrer, pois não haverá fim
do mundo", é o que diz a historiadora Leila Mourão, professora da
Universidade Federal do Pará (UFPA). "Não posso garantir que algo não
acontecerá, pois alguém de repente pode começar uma guerra, detonar
bombas nucleares que causarão uma catástrofe, mas posso garantir que os
Maias não previram nenhum apocalipse", assegurou.
Para
os Maias hoje não é o fim e sim o início de mais um ciclo de 5.125 anos.
"Para nós, um calendário é uma folhinha descartável a cada 365 dias.
Para os maias, o calendário é um documento histórico", diz. Atualmente
há menos de 100 códices dos registros culturais dos Maias. Justamente o
que deu início a tantas previsões e profecias foi um códice incompleto.
A historiadora
explica que toda a ideia de fim do mundo prevista no calendário Maia
começou com um erro de interpretação dos pesquisadores Marcelo A. Canuto
(diretor do Instituto de Pesquisas Mesoamericanas de da Universidade de
Tulane, New Orleans) e David Stuart (diretor do Centro Mesoamericano da
Universidade do Texas). Ao analisar apressadamente um calendário maia
(provavelmente por pressão das instituições nas quais trabalham),
concluíram de imediato que por não haver nada após 5.125 anos, o que
representaria o 21 de dezembro de 2012, seria o fim do mundo, marcado
por um grande evento.
Pesquisadores reconhecem erro e voltam a estudar calendário
A
historiadora Leila Mourão explica com detalhes o que ocasionou a
confusão sobre o fim do mundo. Segundo ela depois de terem espalhado o
medo, os pesquisadores perceberam o erro e se debruçaram novamente sobre
o calendário, fizeram estudos mais cuidadosos e perceberam que o evento
do 21 de dezembro de 2012 na verdade seria o retorno anunciado de um
poderoso governante. "Esse governante era Maia, Yuknoon Yich’ aak K’ahh
(Garra de Fogo ou Pata de Jaguar). O governo dele foi marcado por
vitórias nas guerras, avanço cultural e científico e prosperidade. Ele
então se autointitulou como o senhor do 13º K’atun (período que consiste
em 19,7 anos e então seria o ano maia 692). Para se eternizar, associou
seu nome com o próximo ciclo longo, que culminaria com o próximo número
13 do calendário Maia, que é ao final deste ciclo. Os Maias usavam o
calendário sempre com a ideia de continuidade, estabilidade e
longevidade. Não para prever o fim do mundo", detalhou Leila, com base
nas novas conclusões dos pesquisadores Canuto e Stuart.
De forma bem-humorada
e informal, Leila associou que a volta prevista do poder de Yuknoon
Yich’ aak K’ahh, o senhor do 13º K’atun Maia, seria a própria presidenta
Dilma Rousseff. "Observe-se: o Brasil está no destaque e reforçando a
importância dos países do hemisfério sul pelo espaço produtivo, cultura e
recursos naturais. E na representação desse país, está a presidenta
Dilma. Quem sabe ela seria a senhora do 13º K’atun?", brincou. A teoria
do fim do mundo assustou muita gente e alimentou outras centenas de
teorias sobre o final dos tempos no planeta Terra.