Senador Mario Couto |
BRASÍLIA Um discurso do senador Mário Couto
(PSDB-PA), na tribuna do Senado ontem à tarde, chamando os parlamentares
de “ladrões”, afirmando que a corrupção é generalizada na política
brasileira, e defendendo que o Supremo Tribunal Federal (STF) analise a
evolução patrimonial de todos os deputados e senadores provocou
protestos de seus pares. O tucano elogiou o julgamento do mensalão, mas
afirmou que ele não é suficiente.
- São dezenas ou centenas de parlamentares que estão
aqui, cheios de processos nas costas. Está escrito na testa: ladrão.
Estão ricos porque roubaram do povo – afirmou Couto, aos berros, como
faz de costume na tribuna.
reações à generalização
O próprio Mário Couto enfrenta um inquérito no STF,
que apura supostos crimes eleitorais. E é alvo também de ações civis
públicas, movidas pelo Ministério Público Estadual, para ressarcimento
de supostos danos causados ao erário e responsabilização por improbidade
administrativa, por supostos desvios de recursos da Assembleia
Legislativa do Pará quando ocupou a presidência da Casa (2003-2007):
- Muitos políticos estão aqui, sentados nessas
cadeiras, milionários, respondendo a 30, 40 processos e o Supremo não
julga. Por que o Supremo não aproveita para fazer uma limpeza geral?
O GLOBO
A primeira a reagir ao discurso do tucano, também no
plenário, foi a líder do PSB, senadora Lídice da Mata (BA). Ela reclamou
da generalização:
- Não aceito esse tipo de pronunciamento. Meu partido tem senadores honestos.
Líder do PSDB, o senador Álvaro Dias (PR) tentou
colocar panos quentes na situação. Ele não ouviu o discurso do
companheiro de partido, mas tentou minimizá-lo:
- Ele não fez referência a nomes. Não acredito que ele tenha generalizado. Talvez não tenha sido bem entendido.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que presidia a sessão, refutou a leitura de Álvaro Dias, e também protestou:
- Eu corroboro (a senadora Lídice). Ele generalizou, sim.
O esforço do líder tucano foi em vão. Horas depois,
Couto voltou ao plenário para reclamar de suposta censura do Senado ao
seu discurso:
- Eu quero que a palavra ladrão esteja contida no meu pronunciamento. É um direito democrático que eu tenho.
Fonte: O Globo