Entornou o caldo.Agora, entornou de vez.O caldeirão tucano, que estava no nível das bordas do tacho, começou a derramar com a entrevista exclusiva com o ex-governador Almir Gabriel (PSDB) publicada na edição deste domingo do Diário do Pará, que circula em Belém desde o final da tarde de ontem.Almir falou ao jornalista Franca Siqueira, um dos mais experientes e acreditados repórteres em atuação no Pará. Na mesma entrevista, estava presente o senador Mário Couto, que trava uma disputa sem tréguas com o ex-governador Simão Jatene para ser o candidato do PSDB na eleição do próximo ano.O ex-governador falou como se não fosse um tucano.O tucanês, vocês sabem, guarda certos comedimentos, certas dissimulações verbais e de estilo, certos volteios que estimulam os ouvintes a adivinhar se o amarelo realmente é amarelo ou se amarelo quer dizer vermelho; e vice-versa. Coisas assim...Pois Almir abriu o verbo.Mais do que abrir o coração, ele abriu o verbo.Disse, em resumo, o seguinte:* Em relação ao governo Ana Júlia Carepa, que o derrotou no segundo turno, no embate eleitoral em 2006: “Está sendo um desastre. Um desastre previsível, aliás.”* Ainda sobre a gestão petista: “É um governo sem obras e sem políticas públicas, especialmente nas áreas de segurança pública, saúde, educação e transporte.” E acrescentou: “Eu acho que o povo paraense já se arrependeu.”* Descartou qualquer possibilidade de se candidatar ao Senado.* Reafirmou sua convicção de que Mário Couto é o melhor nome que o PSDB pode apresentar ao eleitorado para a sucessão de Ana Júlia. Elogiou a atuação parlamentar de Couto – “ele engrandece o nome do Pará, conforme pode ser visto na TV Senado” – e destacou o que considera a “capacidade realizadora muito grande” do senador tucano.* E sobre Jatene? Disse Almir: “Ele já foi governador e esqueceu de que governar é administrar e fazer política.”* Complementou sua avaliação de que Jatene, como governador no período 2003-2006 foi apenas regular. “E com um dado muito importante: ele deixou o Hangar e cinco hospitais (regionais) para a minha adversária inaugurar.”* Almir debitou à “pequena” participação política e administrativa de Jatene no interior do Pará a sua derrota na eleição de 2006 para Ana Júlia. E bicudou: “Há um dito comum, entre os políticos, de que governante só perde a eleição do seu sucessor por incompetência ou omissão. Eu espero que essa equação seja resolvida pelo PSDB.”* Quando o repórter perguntou a Almir se, na sua avaliação, Jatene teria feito corpo mole na campanha de 2006, a resposta veio na ponta do bico – e cortante: “Acho que fez corpo mole. Fez sim, pode escrever. Se não admitir isso qual a outra hipótese?”* Almir criticou ainda os que, segundo avalia, pretendem cassar sua cidadania, ao insinuarem que ele não teria mais o direito de dar palpites, desde que, por decisão própria, se “exilou” em Bertioga, no interior de São Paulo, a partir do início do ano passado: “São alguns tolos e mal informados”, atacou.Com o caldo entornado desse jeito, a possibilidade de uma pax tucana a esta altura do campeonato, está difícil.Muito difícil.
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